domingo, 30 de dezembro de 2012

Aplicações - Ações

Uns e outros parecem não concordar quando afirmo que "medir" a rentabilidade virtual da carteira não passa de uma masturbação mental ... o que realmente interessa é o fluxo de caixa que a carteira propicia, incluindo lucros com eventuais mudanças de posição.

Vamos supor que um investidor B&H esteja all in em BGIP4. Suponha que estivesse com 40.000 ações em 30DEZ2011.

No dia 12ABR2012 este investidor recebeu R$ 140.584,64 em dividendos. No dia 09ABR iniciou um processo de compra de BGIP4 para "torrar" os dividendos que iria receber.

09ABR 200 @ 54,0000 = 10.800
10ABR 400 @ 54,3725 = 21.749
11ABR 500 @ 54,7840 = 27,392
12ABR 500 @ 55,2520 = 27,626
13ABR 300 @ 55,3340 = 16.600
16ABR 665 @ 54,7300 = 36.395

ficando com 42.565 ações na carteira.

No dia 29JUN2012 este investidor recebeu R$ 21.625,72 em JCP.
No dia 26JUN iniciou o processo de compra, mas só teve sucesso no dia 29:

29JUN 401 @ 53,9300 = 21.626

ficando com 42.966 ações na carteira.

No dia 03SET este investidor recebeu R$ 55.311,65 em dividendos.
O processo de compra de novas ações foi

29AGO 400 @ 52,1550 = 20.862
30AGO 650 @ 52,9700 = 34.431

ficando com 44.016 ações em carteira

Finalmente, no dia 11DEZ recebeu R$ 20.770,48 em JCP:

12DEZ 372 @ 55,7800 = 20.750

ficando com 44.388 ações em carteira.

O ganho real da carteira foi de 10,97% (o aumento de ações na carteira).

A cotação de fechamento, em 29DEZ2011 foi de R$ 49,38. A de 28DEZ2012, R$ 48,20, ou seja, uma desvalorização de 2,39%.

O valor virtual da carteira em 29DEZ2011, considerando a cotação de fechamento, era de R$ 1.975.200,00; em 28DEZ2012, também considerando a cotação de fechamento, o valor virtual da carteira é R$ 2.139.502,00, ou seja, uma valorização de 8,32%.

Será que estes 8,32% têm realmente algum significado prático? No meu modo de enxergar as coisas ... nenhum!!! Para mim, o que interessa mesmo é:

a) que a carteira aumentou 10,97%;
b) que a empresa que está por trás continua sólida, com lucros crescentes;
c) que a política de proventos da empresa permite esperar que, ao final de 2013, o tamanho da carteira seja aprox. 10% maior.

prof. o único inconveniente desta metodologia é conseguir fazer tal apuração para uma carteira que vive se modificando. Daí fica muito mais simples pensar simplesmente no valor da carteira do que nas cotas. Realmente não deixa de ser uma masturbação mental, afinal, aquele valor da carteira é virtual até que se venda tudo e se realize o lucro. No entanto, acaba fazendo bem ao ego e dá forças para continuar tentando fazer esse capital crescer ainda mais. Seja nas cotas ou no valor em si (já que um acaba puxando o outro).

Vou dar um "contra-exemplo" da complexidade de se medir isso (pelo menos para mim que não faço controle fino das transações).

No início do ano, o que recebi em dividendos de ELPL foi convertido em GRND (outra empresa). Depois disso ELPL desabou e GRND foi só alegria. Neste contexto, eu nem considero que ELPL tenha me dado prejuízo financeiro, afinal, foi um "hedge" sem querer que acabei fazendo. Na época eu nem atentei em quantificar isso, no entanto, não teria como afirmar a valorização em termos de cotas. Atualmente tenho o dobro de ELPL pois dobrei posição nos 13 Reais e GRND continua firme e forte na carteira.

Enfim, esse acompanhamento não é simples. Pelo menos para mim... rs

Embora admita que avaliar a carteira em cima de lucros/prejuízos não realizados com base em cotações de fechamento tem um "quê" de masturbatório, ainda assim acho que é a melhor medida porque o preço é o único parâmetro com o qual todos os agentes do mercado concordam.
No seu exemplo por exemplo qual o racional de se considerar o ganho de 10,97% no número de ações mas desconsiderar o decréscimo na cotação? Você poderia dizer que o valor patrimonial da ação se manteve ou até subiu, ou que o valor intrínseco da ação é o mesmo, mas ai entramos em avaliações individuais e subjetivas...

Embora admita que avaliar a carteira em cima de lucros/prejuízos não realizados com base em cotações de fechamento tem um "quê" de masturbatório, ainda assim acho que é a melhor medida porque o preço é o único parâmetro com o qual todos os agentes do mercado concordam.
No seu exemplo por exemplo qual o racional de se considerar o ganho de 10,97% no número de ações mas desconsiderar o decréscimo na cotação? Você poderia dizer que o valor patrimonial da ação se manteve ou até subiu, ou que o valor intrínseco da ação é o mesmo, mas ai entramos em avaliações individuais e subjetivas...

A graça não é ver se eu ganhei mais que vc. A graça é saber se venci a poupança ou a inflação (que afeta a mim, não à emepresa em si que repassa tduo para os clientes dela), por exemplo. Se não tiver vencido, tem alguma coisa errada com o meu método e preciso consertá-lo. Pra mim, é a principal motivação!

Mas entendo o paulo. Ocorre que concordo com ele qdo considera que a rentabilidade seria apurada apenas no momento da venda. Mas o que acontece é que simulamos este acontecimento!

Simulamos que uma caderneta de poupança foi comprada no dia 01/01 e vendida no dia 28/12. Eu uso um índice de 15% para IR do CDI, pq esse é o mínimo cobrado pelo Governo, para uma aplicação de no min 3 anos.

O problema é que jogo com o fato de que todas as minhas vendas sejam/serão isentas de IR. Me utilizo do pressuposto que a venda será sempre isenta, abaixo dos 20k/mês (menos no caso de FIIs e/ou caso não haja um bom prejuízo contábil).

O mesmo vale para fundos de investimento, com uma alíquota de 20%, obrigatória.

Uma vez vi ou li em algum lugar que a contabilidade é uma ciência subjetiva e altamente interpretativa. Penso o mesmo sobre a apuração de resultados.

Aí volto à questão:

a) que a carteira aumentou 10,97%;
E daí, isso é bom? Comparado a que isso é bom? À valorização virtual de um imóvel, por exemplo? Dá pra supor que um aumento de 10,97% tbm levaria a um aumento de 10,97% nos proventos? Não. E no caso de um imóvel!? rs

b) que a empresa que está por trás continua sólida, com lucros crescentes;
Isso sim é interessante, mas como relacionar isso aos 10,97%? Lembro que as construtoras safadas de uma hora pra outra, criativamente, mexeram na "solidez" da empresa. Nos videos que anexei há pouco, o apresentador mostra que solidez depende de confiança. E essas construtoras gozavam de muita confiança de fundões de investimento...

c) que a política de proventos da empresa permite esperar que, ao final de 2013, o tamanho da carteira seja aprox. 10% maior.
Contanto que não mexa com b. (como a ELPL mexeu rs), isso é ótimo, apenas.

Complicado isso amigos. Não acho justo considerar rendimentos brutos, pq as alíquotas de imposto podem variar, de acordo coma ocasião. Mas por outro lado não dá pra antever se gozaremos de isenções. Eu falo de tudo para isso...esse ano quase consegui...

Fiberman, isso é a realização de UM sonho (pontual) a partir de UMA realização de lucro (também pontual).

O ponto que o prof. e o Uqaz levantaram é o da "bola de neve". Como fazer a carteira se "retro-alimentar" para que ela cresça de forma consistente. A resposta simples seria: reinvestindo os dividendos (o nome mais genérico seria, reinvestindo seu fluxo de caixa). Que nada mais é que a lógica dos juros compostos (só que não da mesma forma matemática já que bolsa não é tão previsível quanto a fórmula dos juros compostos).

No caso exemplificado lá do dividendos. Bacana, realizou um sonho/desejo mas foi necessário arrancar um pedacinho da "bola de neve".

Mas realmente contabilidade é uma ciência nem um pouco exata. Ainda mais quando trazida para o universo da bolsa que permite inúmeras combinações de fatores.

Dois conceitos simples e que geram essa subjetividade na avaliação das carteiras:

Preço x patrimônio

Talvez, na minha humilde opinião, o correto seria ancorar tudo pelo valor patrimonial da empresa. Desta forma, se tenho 1000 papeis de uma empresa que está a 0.8 de seu VPA, projete seu preço para que empate o VPA e veja o quanto ela vale. Desta forma eu poderia afirmar que, se amanhã a empresa fosse vendida, eu realizaria exatamente o lucro de seu VPA (na prática não chega a ser isso, mas seria uma boa estimativa).

Repare que, neste caso, o PATRIMÔNIO corresponde a fração equivalente aos 1000 papéis. O PREÇO seria o que o mercado estaria pagando no momento do fechamento do pregão e o VALOR seria o VPA da empresa.

O contraditório dessa metodologia é que tem empresa que está acima de seu VPA. Entretanto, seria uma forma mais realista de ancorar o valor do que possuímos em carteira.

No caso dos FII's isso me parece mais fácil de ser aplicado...

Vou insistir ... o "valor" da carteira em determinado instante, é irrelevante ... a única coisa que realmente interessa é o fluxo de caixa ...

A menos que a carteira é constituída de ativos muito líquidos, vc já percebeu a dificuldade em se estimar o seu valor em determinado momento. O preço corrente de mercado de uma VALE5, PETR4, BBAS3 ou algo semelhante de fato, é a métrica mais adequada para uma medida. O preço de mercado pode, também, ser uma métrica adequada para medida de uma carteira que tenha 1 ou 2 lotes de BGIP4. Mas quando a concetração, na carteira, de ativos pouco líquidos é considerável e o tamanho desta carteira também é considerável, o preço de mercado não é uma métrica adequada para medida de valor.

Vc está certo em afirmar que, neste caso, cada cabeça será uma sentença. Mas é uma sentença cuja utilidade é discutível. Vc diz que quer comparar o resultado de sua carteira com a poupança, CDI, etc ... No exemplo das BGIP, o total recebido foi aprox. R$ 238 mil. O rendimento percentual da carteira de 40K BGIP4 vai depender do valor que se der a esta carteira em 29DEZ2011. Cada cabeça ... um percentual distinto. Mas este percentual não muda o valor efetivamente recebido, que é o que interessa.

Todos os seus "problemas" de avaliação (considero, ou não, os 15% de imposto sobre as vendas "virtuais" que ultrapassarem os 20k permitidos? como é que faço com ativos pouco líquidos? etc, etc.) decorrem de um exercício que denomino de masturbação mental ...

Acho muito mais "saudável" vc, no final do ano, traçar metas para o ano seguinte, em termos de:

a) proventos líquidos a receber;
b) ganhos de capital a realizar dentro do limite dos 20k;
c) ganhos de capital a realizar fora do limite dos 20k; e
d) aporte líquido à carteira.

Lá na frente, se de fato vc pretender viver um bom período dos rendimentos de sua carteira, o "valor" desta carteira num determinado momento não interessa. O que interessa é a sua capacidade de efetivamente prover o fluxo de caixa que vc necessita para pendurar as chuteiras ...

Suponha que em sua carteira vc tenha 5kg de ouro, como um "seguro" para eventuais tempos super difíceis do futuro. Tem algum sentido ficar precificando este ouro ao longo do tempo e se masturbar com a volatilidade dos preços? Talvez vc queira aumentar o seu "seguro" ao longo do tempo ... mas o seu seguro será medido em kilos de ouro e não nos R$ que estes kilos possam custar num determinado momento. A cotação do ouro disparou ... vou fazer uma viagem para a Disney ...; a cotação do ouro despencou ... vou consultar um psiquiatra ...; faz algum sentido ??...

Vc deve ser capaz de enxergar hoje, como deverá ser a sua carteira no futuro para que propicie o que vc necessita. E vc deverá traçar um caminho para que, no final do ano, vc esteja mais perto de seu objetivo do que estava no início. Ao longo da caminhada, a visão que vc terá da constituição desta carteira do futuro "mudará, assim como a estratégia para consegui-la sofrerá ajustes.

Citação: uqaz
Necessariamente, uma rentabilidade virtual alta em 2012 não significa um fluxo de caixa bom de fato. Mas indiretamente, uma rentabilidade virtual alta significa uma semente positiva para 2013, apenas. E é nisso que eu estou apostando, uma vez que os aportes em 2013 serão bem menores (estimo).
Será mesmo, uqaz, que a rentabilidade virtual constitui uma semente positiva para o futuro?

Na minha opinião, na fase de crescimento de uma carteira de investimentos, o risco deve ser maior do que na fase da "perpetuidade". Mas o risco deve ser "dirigido" para gerar fluxo de caixa. É o fluxo de caixa aportado de volta à carteira que efetivamente a faz crescer ... a tal bola de neve.

De pouco adianta, por exemplo, ter investido em SHOW3 em 2011, ter saboreado a valorização meteórica e depois sofrer a decepção da derrocada, e ficar estático, sentado em cima. Ou a empresa foi um affair de momento e, portanto, o lucro deveria ter sido realizado, ou se de fato a empresa é para B&H, o no. de ações deveria ter sido aumentado. Se a SHOW3 é considerada uma empresa bem administrada e com um futuro promissor, o que determina o seu poder de produção de fluxo de caixa futuro é o no. de ações na carteira, e não o seu valor em determinado momento. Para quem acredita no potencial da empresa, a derrocada deveria ter sido entendida como uma benção dos céus ... e a oportunidade deveria ter sido aproveitada.

O objetivo relativo ao ativo com o qual vc decidiu "casar" (em princípio por toda a eternidade) deve ser o de aumentar o número de ações. Para este objetivo, quanto menor o valor da ação, melhor!!!


Ações em carteira cujos preços "explodem" são ótimas para ... "a realização de lucro", objetivando gerar caixa para aplicações em ativos promissores mais baratos ...
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