quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Ações - Indicadores de Análise Fundamentalista - Preço/Lucro

332582 - numbroker - 18/Jan/2017 02:51
Uqaz, prof e quem souber, podemos voltar umas duas casas?
1 - Pq um P/L de 15 implica num crescimento de X℅?

Achava que o indicador fundamentalista variava em função do setor, governança, liquidez, etc. Acho interessante fazer média do setor.

2 - Pq vocês usam inflação ao analisar o lucro?

Digo isso pq eu tenho sempre que a inflação diz respeito ao meu poder de compra e não necessariamente ao custo da empresa. Exemplificando, se o meu custo de vida aumentou 100%, porém a margem EBITDA da empresa analisada aumentou 1 p.p. ou lucro aumentou aumentou 10% para o mesmo produto/serviço produzido. A empresa não foi bem?

Legal a discussão! Obrigado!

1 - suponha que o lucro anual de uma empresa A tenha uma taxa média de crescimento real (descontada a inflação) de zero (ou seja, em média, o lucro anual da empresa cresce de acordo com a inflação). Suponha, também, que o lucro anual de uma empresa B tenha uma taxa média real de crescimento anual de 10%.

Finalmente, suponha que os ativos de ambas as empresas estão negociando a um P/L idêntico. Qual ativo é mais barato? Moral da história ... olhar só para o P/L é um tanto quanto míope, ou não?

Dada uma taxa média real de crescimento do lucro, o número de anos do período de crescimento do lucro, a taxa real de crescimento da empresa na eternidade e uma taxa real média de desconto (e efetuando uma série de hipóteses) pode-de calcular um P/L "justo". É evidente que quanto maior o crescimento do lucro na fase de crescimento da empresa, maior será este P/L justo.

2 - é exatamente o contrário... o uqaz e eu sempre nos referimos aos parâmetros reais, excluída a inflação. Ocorre que as DREs são publicadas com valores nominais. Em consequência, as taxas de crescimento (receita, lucro bruto, resultado financeiro, resultado antes dos impostos, lucro líquido, ebitda, proventos, etc) que podem ser calculadas, são também nominais. A consideração da inflação só entra para transformar as taxas nominais em taxas reais.

Se o custo de vida aumentou 100% e o lucro da empresa aumentou 10%, a performance da empresa foi péssima, porque a taxa real de crescimento do lucro foi negativa em 45%! Ou seja, um lucro de 1000 aumentou, nominalmente, para 1.100 (aumento nominal de 10%). Se acompanhasse a inflação, o lucro teria que ser de 2000. A taxa real do "crescimento" do lucro, então, seria

1.100 / 2000 - 1 = 0,55 - 1 = - 0,45

ou

taxa real = (1 + taxa nominal) / (1 + taxa de inflação) - 1

Ao fazer uso de taxas reais, vc pode desconsiderar completamente a inflação. Ou seja, quando vc está fazendo projeções, não é necessário estimar qual será a inflação futura ...

Antes de tudo, obrigado, de novo, prof!

1 - Entendi sobre a questão de período de crescimento, porém não entendi como foi quantificado quando o Uqaz afirma que "Para um período de 3 anos de crescimento porvir, o P/L justo é de 12,36". Nessa parte que me perdi.

2 - Entendido! Eu considerava ao contrário mesmo. Se a empresa produz mais com menos, eu considerava deflação pra mesma, excetuando ganho de produtividade, independente de qq índice de preços. Ex.: quando estava em Fíbria pesquisava sobre a tendência do custo da madeira e nem me preocupava com IGP-M.

Obs.: Achar empresas com crescimento real de lucro no longo prazo deve ser um parto.

O valor justo de uma empresa pode ser calculado pelo fluxo de caixa livre esperado em toda a sua vida, trazido a valor presente.

Uma simplificação consiste num modelo que considera que a vida da empresa é constituída de das fases: a fase de crescimento e a perpetuidade daí em diante (ou seja, é como se depois de crescer a empresa entrasse em "regime" daí em diante, por todo a eternidade). Uma outra simplificação é substituir o fluxo de caixa livre pelo lucro líquido. Uma terceira simplificação é definir a fase de crescimento em número de anos, e estimar a taxa de crescimento (real) anual do lucro neste período. Para trazer os valores do futuro para o presente, o avaliador define uma taxa de desconto média, que seria a taxa de risco zero na economia (tipo os juros reais implícitos numa NTNB) mais uma taxa que representa o risco do ativo que está sendo avaliado. Em consequência, evidentemente, a taxa de desconto a ser utilizada é altamente subjetiva, dependendo do avaliador (ou de quem está com o seu na reta).

Aqui, o uqaz e eu tenos utilizado uma taxa média de desconto real de 10% a.a. A média dos juros reais embutidos nos títulos de longo prazo era algo em torno dos 7% e nós adicionamos algo como 3% para representar os riscos.

Para este modelo simplificado do valuation via FCD existe uma fórmula relativamente simples, e na net há calculadoras (e.g. http://www.moneychimp.com/articles/valuation/dcf.htm) que fornecem o resultado assim que vc informe os parâmetros.

O que o uqaz fez em suas simulações foi simplesmente considerar um lucro inicial de 1 (uma unidade), a taxa real de crescimento de 8% a.a., . o número de anos da fase de crescimento e uma taxa de desconto anual real de 10% (considerou, também, que na perpetuidade o lucro real permanecerá constante, ou seja, depois de crescer a empresa vai apresentar um lucro real constante = taxa de crescimento na perpetuidade zero). Se vc entrar com estes parâmetros na calculadora e fase de crescimento de 3 anos, vai encontrar 12,36, ou seja, para um L = 1, vc terá um P justo = 12,36, de modo que (P/L)justo = 12,36

Como o valor de uma empresa, de acordo com o modelo, é função dos lucros líquidos gerados, mantida a taxa real de crescimento do lucro, é evidente que quanto maior o período de crescimento, maior o lucro.

A calculadora acima não aceita taxas negativas. Para simulações com taxas negativas (lucro diminuindo no tempo) eu uso http://www.gurufocus.com/fair_value_dcf.php (cujo "defeito" é a fase da perpetuidade ter "somente 99 anos").

Prof, premissas totalmente entendidas! Obrigado!
Realmente tá ficando pesado usar 10% desconto... 

Sobre a questão do uso do P/L, tão debatido neste valioso espaço nos últimos dias, sugiro a leitura do tal "investindo em small caps"... tem alguns partes que trata disto. Uma delas são as páginas 41 / 43.

Uma palhinha sobre o assunto:

Último parágrafo da página 41:
"Sobre a indiscutível importância de se analisar a vantagem de compor uma carteira com ações com relação preço - lucro baixa, convém repetir com todas as letras as conclusões de um estudo realizado no mercado norte-americano, que consta no livro de Damodaran (2006, p. 5). 'Nos últimos 70 ANOS, por exemplo, uma carteira de ações com BAIXOS MÚLTIPLOS P/L teria SUPERADO outra com elevados múltiplos P/L por uma DIFERENÇA DE 7% AO ANO".

Sugiro também muita atenção na página 61/63 do livro.

Uma pequena palhinha, quando tratei da diferença entre valor e preço:

"... Avaliar apenas o valor, de igual sorte, não é garantia de sucesso. Empresas bem vistas pelo mercado, com informações disponíveis nos mais diversos meios de comunicação com argumentos de compra muito fáceis de serem obtidos, dificilmente apresentarão a melhor relação preço-valor. O valor pode ser efetivamente excepecional, mas de nada adiante comprar a empresa SE OS PREÇOS ATUAIS CONTEMPLAM ANOS À FRENTE DE PROSPERIDADE. O investidor VERÁ A EMPRESA CRESCER, melhorar, atingir todo aquele cenário maravilhoso e os preços simplesmente não se mexem mais, ou, o pior, eventual pequena queda na expectativa futura detona a venda de diversos investidores, esvaziando a bolha dos preços altos e levando junto o dinheiro de quem investiu em uma empresa maravilhosa, MAS PAGOU CARO DEMAIS POR ISSO.
O trabalho que melhor remunera seu capital, então, decorre do uso adequado da relação preço - valor. Seu rumo inicial deve ser correto, com a busca desde o início das empresas com características positivas AINDA NÃO PERCEBIDAS PELO MERCADO".

Não faltam exemplos disto por aqui: HBOR3, EZTC3, PINE4, TGMA3, COCE3, PRBC4, GRND3, VLID3, etc... todas exepcionais empresas COMPRADAS QUANDO O MERCADO AINDA NÃO TINHA PERCEBIDO ISTO...

Uma boa leitura nas páginas 76/79, sobre reação a resultados, também vale muito a pena.

brunovcn
Pessoal,
Alguém poderia me explicar pq algumas empresas tem o PL negativo? Como isso influência na análise?

6941 - lbiazao - 08/Jun/2009 16:06
Bruno, a resposta é simples, o Lucro da empresa esta negativo, ou seja Preço/Lucro. o Preço não esta negativo e sim o lucro (Prejuizo no caso), deste resultado só pode haver um resultado negativo no PL. Em minhas análises apenas considero as empresas que estão apresentando lucro, ou que tenham um bom motivo, apenas momentaneo para um prejuizo, de forma que possivelmente nos proximos resultados isso seja revertido. 

616 - small caps - 12/Dez/2008 23:41
"(587) AlbertoOMacedo, 
P/L negativo significa empresa que apresenta prejuízos acumulados nos últimos 12 meses no fundamentos. Quando isto decorre do resultado operacional, normal, sem fatores que exercem pressão de curto prazo, mas que logo deixarão de fazê-lo, é melhor se afastar destas empresas. No casos de empresas em situação especial, devem ser utilizados os múltiplos conforme coloco no livro acerca de tais empresas."

117 - marsanto - 09/Out/2008 16:12
"Olá Small,"

"Terminei o capitulo 2 do seu livro ( vou ter que reler mais vezes sobre o PSR,ainda não entrou na minha cabeça, talvez por eu ter lido após o almoço rsrsr)"

"Gostaria de saber qual a interpretação para um P/L negativo??? E quanto aos dividendos , como saber sua procedência ? lucros de anos anteriores ? lucros extraordinários ? usou mais que os 25% mínimos ? etc..."

Valeu Small... O livro tá show de bola!!!

122 - small caps - 09/Out/2008 23:19
"marsanto, obrigado. P/L negativo refere-se a uma empresa que apresentou prejuízo acumulado nos últimos 12 meses. Via de regra não é uma boa opção, salvo se decorrente de reestruturações que podem reverter lucratividade futura. Para saber a procedência dos dividendos é necessário verificar duas coisas: primeiro, se o valor total distribuído é inferior ao lucro líquido, significando que não há diminuição do capital social de um exercício para outro (melhor cenário); segundo, se não é decorrente de um episódio não recorrente, como a venda de um negócio ou um terreno da empresa que gera lucros. Mas só ocorrerá uma vez e portanto o investidor não deve se basear nisto para sua decisão de investimento de forma isolada. No capítulo três falo sobre os balanços. Se ficarem dúvidas, é só perguntar." 
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